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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Antologia Acústica

Esperei um tempo para poder escrever aqui no blog sobre o nosso poeta nordestino, o paraibano Zé Ramalho.

Mas antes de falar sobre suas qualidades e poesias, gostaria de agradecer em especial ao meu tio Everaldo. Foi a presença dele em minha vida que fez com que eu gostasse tanto da música popular brasileira e tivesse grande apreço sobre a arte de ouvir com o coração. 


Zé Ramalho!

Certamente o mais original personagem da geração de músicos nordestinos que despontaram nacionalmente na década de 70.

Zé Ramalho é considerado um dos artistas mais identificados com a juventude brasileira dos anos 90. Autor de uma obra essencialmente surrealista que funde o rock com o repente, Zé Ramalho tem um imenso poder de transmissão com sua inconfundível  voz cavernosa de fascinante declamador, complementada por sua messiânica figura esguia e macilenta.

O estilo de Zé Ramalho enfoca o universo absurdo, do apocalipse e da contradição, abrangendo ainda a emergente tendência literária de nossos tempos, o esoterismo. Suas melodias, com alguns interlúdios e refrões sedutores, são criadas sobre os mais autênticos ritmos nordestinos.

Um nordestino desnorteador, Zé Ramalho provoca invariavelmente um acontecimento com suas aparições no cenário musical brasileiro. Simboliza o visionário solene e mágico. É o verdadeiro cavaleiro da arte nordestina.


Avôhai

AVÔHAI (Avô e Pai). Zé Ramalho fez essa letra para seu avô, que o criou como filho. Sua letra longa e sem repetições surgiu de uma só vez, mal tendo o autor tempo de escrever o que lhe vinha a mente. 
Palavra chave, mística que abriu várias portas à Zé Ramalho.

"Se eu calei foi de tristeza, você cala por calar. E calado vai ficando, só fala quando eu mandar. Rebuscando a consciência com medo de viajar. Até o meio da cabeça do cometa girando na carrapeta, no jogo de improvisar..."

Chão de Giz

Essa música foi provocada por uma dessas paixões avassaladoras, platônicas e impossíveis, pois a musa inspiradora era uma mulher casada com um industrial de João Pessoa.
O ápice dessa tensão se dá na melodia da palavra "amiúde" e mais adiante, "Freud explica".

"Há tantas violetas velhas sem um colibri. Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus. Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro. Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom".

Garoto de Aluguel

A comercialização do sexo. Uma breve experiência vivida pelo cantor em meados dos anos 70, quando batalhava para sobreviver à penúria. 

"Baby! Nossa relação acaba-se assim, como um caramelo que chegasse ao fim, na boca vermelha de uma dama louca. Pague meu dinheiro e vista sua roupa".

Taxi Lunar

É uma canção abstrata, e faz parte da linha que agrada aos malucos que gostam de viajar com as imagens sugeridas pela letra. Essa música foi composta por Zé Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo.

"Apenas apanhei a beira-mar, um taxi pra estação lunar".

Admirável Gado Novo

Utilizei essa música como tema do meu TCC em 2005. Foi um video-documentário sobre "Educação Básica no MST". Tenho um amor especial por essa canção.
Ela é uma associação ao livro de Aldous Huxley "Admirável Mundo Novo". Essa é a canção do povo marcado, do povo feliz. É o Admirável Gado Novo, é o nosso Brasil.

"É duro tanto ter que caminhar, e dar muito mais do que receber. E ter que demonstrar sua coragem a margem do que possa parecer. E ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer".




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