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sexta-feira, 1 de abril de 2011

O dia que durou 21 anos...


“Assim sendo, declaro vaga a presidência da República!” Foi o que se ouviu na sessão do Congresso, presidida pelo senador Auro de Moura Andrade, no dia 1 de abril de 1964.

Nos anos 60 o mundo fervia, os jovens usavam roupas coloridas, com os cabelos compridos, e aversão ao normal pré-estabelecido. E foi contra a sociedade moralista e conservadora que toda essa geração se rebelou.

As autoridades eram desafiadas por todas as partes. E no dia 1º de abril de 1964 quando João Goulart foi deposto, instalou-se uma ditadura militar no governo brasileiro.

Quatro anos após o golpe, a facção linha dura do governo militar, radicalizou ainda mais a sua ação política, dando início a um dos períodos mais duros do regime militar. Os anos de chumbo no Brasil.

Nos muros, nas ruas, gritos e manifestos pediam fim a repressão.

Punições, cassações, suspensão de direitos políticos, prisões, espancamentos, tortura, gente desaparecida e exílio.

O Brasil respirava o caos político.

Edson Luís de Lima Souto é assassinado por policiais em restaurante. O fato foi o início de muitas manifestações.

Muitas mães se uniram para a defesa de seus filhos e criaram a “União Brasileira de Mães”, e promoveram passeatas para impedir a violência contra seus filhos.


Universitários foram recebidos com violência pela polícia em passeata que terminou em frente a embaixada norte-americana. O conflito terminou com 28 mortos, centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas de polícia incendiadas. Esse dia ficou conhecido como sexta-feira sangrenta.

“São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas. Memória de um tempo onde lutar por seu direito é um defeito que mata.” (Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória - Gonzaguinha).

A passeata dos 100 mil ficou conhecida como a maior manifestação popular de resistência contra a ditadura militar. Ocorrida no Rio de Janeiro, 26 de junho de 1968, 100 mil brasileiros saíram as ruas e protestaram a morte de Edson Luís.


Neste mesmo ano muitas manifestações populares foram proibidas, assim como toda obra publicada era sujeita a censura. Em uma das ocasiões, estudantes foram presos em conferência da UNE – União Nacional dos Estudantes, em São Paulo.

Em dezembro de 68, o presidente Costa e Silva que assumiu o poder após o golpe de João Goulart, assina o AI-5, lei que proibia qualquer manifestação em universidades.


“Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano, quero lançar um grito desumano, que é uma maneira de ser escutado.” (Cálice – Chico Buarque)

O AI-5 censurou 500 letras de músicas, 500 filmes, 450 peças, 200 livros, 150 revistas e sinopses de novelas.

A estilista Zuzu Angel, o capitão Lamarca, Carlos Marighella, e o jornalista Vladmir Herzog foram algumas vítimas da lei.

“Quem sonha com a volta do irmão do Henfil. Com tanta gente que partiu num rabo de foguete Chora! A nossa ‘Pátria Mãe’ gentil, choram Marias e Clarisses no solo do Brasil...” (O Bêbado e o Equilibrista – Elis Regina)

Na década de 70, a “Era do Terror” começa a se afastar do cenário cultural. Grupos aderiram a luta armada e seqüestraram autoridades estrangeiras para libertar presos políticos. Denunciam a tortura.

O silêncio e o medo foram substituídos pela pressão popular. O resultado foi a extinção do AI-5 em 1978, e no ano seguinte, com a lei da Anistia, acaba a censura às produções culturais.

Em 1982, o povo vai às ruas a favor das “Diretas Já”.

Com o fim da ditadura em 1985, o brasileiro adquiriu o direito ao voto. Esses foram os primeiros passos rumo a DEMOCRACIA.




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