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quarta-feira, 16 de março de 2011

Metade

Gostaria de iniciar meu post de hoje agradecendo a todos os poetas que conheço e que desconheço, pela incrível tarefa de nos presentear com palavras, rimas, trovas, canções... Porque, por maior que seja a realidade de nossas vidas, nada melhor do que ouvir palavras acolhedoras, no formato de uma canção, de um poema.

Hoje foi um dia estranho.

Apesar do sol brilhante e do céu quase sem nuvens, foi um dia de pensamentos, de lembranças, de momentos que talvez nem mereçam ser lembrados aqui.

Saudades daqueles que passaram em minha vida, e que de alguma forma deixaram um pedaço colado na minha memória, no meu coração.

Saudade daquele que me gerou e que se foi para sempre, ou talvez não...pois o ‘pra sempre’ sempre acaba!

Saudade em especial de uma pessoa querida que deixou uma família inteira para passar um tempo fazendo o bem em outro continente, e quem sabe por lá esteja fazendo muito mais ‘bem’ do que eu, que estou aqui talvez escrevendo para ninguém ler.

Saudade da faculdade que fiz, das amizades que criei, das inimizades que deixei, das risadas que provoquei. Dos lugares por onde passei, onde dormi, onde chorei.

É, não diria nostalgia...diria alegria!

Pois segundo Saint Exupéry: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

 

E pra você que acompanha meu blog...

Hoje em especial dedico essa poesia maravilhosa, da primeira pessoa famosa que entrevistei na minha singela carreira jornalística.

Oswaldo Montenegro.

Se possível acompanhem a letra junto com o vídeo.

 

E até mais...

 

Metade





Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe

Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo

Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.


Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso

Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria

Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta

Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada


Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


(Oswaldo Montenegro)

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